Eleição de Milei representa uma derrota histórica para a democracia do país 40 anos após o fim da ditadura. Para as camadas populares é a combinação de ilusão e tragédia. E trata-se de revés estratégico para os setores progressistas da América Latina
Eleição pode ser lida como o fim esperado de um ciclo eleitoral atípico em que uma sociedade castigada por uma década de estagnação econômica e diferentes planos fracassados de estabilização decidiu castigar as forças políticas tradicionais, isto é, diante do repúdio às fórmulas conhecidas, abraça-se o desconhecido
Presidente eleito é o representante da alt-right na Argentina, país desesperançado após décadas de decadência econômica e de piora geral nas condições de vida. Seu discurso econômico é vigoroso e confuso e, por vezes, aparentemente sofisticado, deixando a sensação de alta capacidade intelectual combinada com ímpeto para a ação. Sua performance é histriônica, irritante, debochada e ofensiva
Além das características dos candidatos, esta eleição pode ser considerada a mais importante desde o retorno à democracia, pois é a primeira vez em que chega à instância decisiva um candidato, Milei, que rejeita a política de memória pela verdade e pela justiça, o “Nunca Mais”, pedra fundamental da reconstrução da democracia no país
Itamaraty enfrenta acúmulo de crises globais com tensão nas relações com Israel, preocupação com escalada retórica na Venezuela, acirramento das eleições na Argentina e pressão por pagamentos à OCDE. Para embaixador, situação põe em questão algumas decisões tomadas pelo governo Lula
Candidato governista, o ministro da Economia Sergio Massa surpreendeu ao vencer o primeiro turno das eleições se aproveitando de benesses oferecidas à população. Para embaixador, caso ele seja eleito, vai precisar produzir um choque na economia para estancar a ladeira abaixo da renda e do crescimento do país
Parceria histórica entre os dois países enfrenta desafios impulsionados por crise econômica e tensão política no cenário argentino. Para especialista, uma retomada das relações deve ocorrer apenas após as eleições no país vizinho, e as exportações brasileiras continuarão sofrendo com o retardamento das autorizações governamentais e a dificuldade de pagamentos
Tentativa hiper ortodoxa de estabilização conhecida como Rodrigazo, feita em 1975, marca o início do processo econômico caótico do qual a Argentina enfrenta dificuldades para sair nas últimas décadas, e que teve mais um agitado capítulo no primeiro turno das eleições presidenciais
Rede de transportes por rios entre o Brasil e seus vizinhos teve seu melhor resultado histórico neste ano. Para embaixador, chegou o momento de o setor privado e o governo voltarem suas atenções para a operação eficiente de um verdadeiro símbolo da integração sul-americana
Decisão de aumentar o número de países no bloco reflete interesses da China e da Rússia e pode levar a uma guinada antiamericana. Para embaixador, em termos geopolíticos, ampliação do bloco representa um fortalecimento da aliança entre os emergentes, mas a inclusão de regimes autoritários promete aumentar a resistência a temas progressistas