Fhoutine Marie é colunista da Interesse Nacional, jornalista e cientista política. Participa como co-autora dos livros "Tem Saída – Ensaios Críticos Sobre o Brasil" (Zouk/2017), "Neoliberalismo, feminismo e contracondutas" (Entremeios/2019) e "O Brasil voltou?" (Pioneira/2024). Seu trabalho tem como foco temas como gênero, raça, terrorismo, neoconservadorismo e resistência política numa perspectiva não-institucional.
A série do universo Game of Thrones chega ao fim da segunda temporada colocando o controle das condutas das mulheres no cerne da disputa política, refletindo o que se vê também no mundo real
PL contra aborto gerou análises com referências a livro de Margaret Atwood, mas a comparação implica aceitar a derrota e abdicar da luta, ignorando que a obra serve para nos alertar do que pode vir. Mesmo que o inimigo vença, sempre haverá resistência, pois a liberdade é uma luta constante
Levante das mulheres contra o PL Antiaborto mostrou a capacidade de organização do movimento feminista e da política como ação direta
Investigações da Polícia Federal revelaram os mandantes do assassinato da vereadora e do seu motorista. Para cientista política, dois legados permanecem após o desfecho: a ampliação da presença de mulheres negras na política e enfrentamento da misoginia
A condenação do jogador de futebol por estupro foi vista como um avanço da Espanha e inspirou a criação de uma nova lei brasileira para atender vítimas de violência sexual. Para cientista social, entretanto, ainda há entraves a serem superados
Indicado a dez Oscars, filme provoca questionamento sobre as narrativas sobre os povos ameríndios que diz respeito não apenas à representatividade, mas a que tipo de histórias são contadas
Ataque do grupo palestino contra israelenses gerou troca de acusações e pressão pelo uso da classificação em discussões sobre política internacional. Para cientista política, na guerra de declarada por Israel contra Gaza, definir quem é ‘o verdadeiro terrorista’ só serve a um propósito: legitimar massacres
Série sobre jovem gigante expõe de forma didática como um justiceiro é apenas uma engrenagem no maquinário capitalista. Para cientista política, ficção ajuda a refletir sobre espetacularização da segurança pública, a manutenção das desigualdades sociais e o fascismo dos justiceiros
Dez anos depois do início da onda de protestos pelo país, ainda há uma disputa sobre o significado e o legado das manifestações. Para cientista política, a criminalização dos protestos de junho de 2013 segue viva quando se cria uma narrativa em que a única via de ação política legítima é a partidária
Série chega a seu final revelando que no capitalismo as mudanças são anticlímax, e o choque entre o velho e o novo não é uma substituição, mas uma recomposição no qual o poder econômico se adapta às novas tecnologias e lideranças que com elas emergem. Para cientista política, drama não trata de quem vai ser o sucessor de Logan Roy, mas do próprio capitalismo no século XXI
Movimento político com foco na coletividade, feminismo passou a ser usado de forma individualista para ganhar respaldo nas mídias femininas, com grande destaque no reality show BBB. Para cientista política, a pauta feminista precisa se voltar novamente à construção de um outro modo de vida sem opressão de um gênero sobre os demais
Compreender que tipos de forças estão sendo mobilizadas nesses ataques é o primeiro passo para evitar a cilada autoritária de combater violência com repressão. Para cientista política, é preciso entender casos de violência nas escolas como um problema político
A pandemia não tornou as pessoas melhores, mas botou em evidência a capacidade de sobrevivência da misoginia e do racismo – bem como dos mecanismos que os sustentam. Para cientista política, a ideia de “poder nu e cru” ignora casos de pessoas brancas em posição social de destaque que cometem crimes de racismo, violência de gênero ou dão declarações públicas defendendo práticas nazistas e permanecem com suas carreiras intactas
Tratada como uma questão menor pelas esquerdas em tempos de eleições e como piada nas redes sociais, a questão de gênero é o elemento central para entender e neutralizar a violência misógina – que é também fascista. Para cientista política, enquanto dados não mostrarem a redução da violência misógina, não há motivo para comemoração Por […]
Uma década após incêndio que matou mais de 200 pessoas, ninguém foi responsabilizado legalmente e nenhuma indenização oferecida a parentes e sobreviventes. Para cientista política, é preciso sair de um registro meramente punitivo para uma justiça que busque a reparação para fazer com que casos assim não se repitam e seja possível superar o trauma coletivo
Tratar golpistas com ironia é dar tempo para que essas forças se organizem e pratiquem atos como os de 8 de janeiro. Para cientista política, a luta antifascista deve recusar a ideia de que uma resposta virá das urnas ou está ligada à punição estatal e inclui combate nas ruas, difusão de ideias do movimento por meio de veículos independentes, formação política e produção de conhecimento
Terrorismo não é um adjetivo, é uma classificação política. Para cientista política, mobilizar as palavras terrorismo e terrorista coloca em jogo mais do que a tipificação penal e faz perder de vista o que se combate: o golpismo de orientação fascista