A crise que o Brasil enfrenta atualmente está entre as três maiores desde a fundação da República. Este artigo pretende discutir brevemente algumas de suas causas e sugerir medidas para a sua superação, mas também tem como objetivo ultrapassar a discussão conjuntural focada no ajuste fiscal, que tomou conta de todas as atenções do país e voltar a atenção para uma agenda estrutural da maior importância para a economia brasileira: o crescimento da produtividade e o papel da indústria de transformação nesse processo.
O Brasil é um grande país, que já alcançou muito ao longo de sua história e ainda tem longo caminho de realizações a percorrer. Temos tudo para crescer e gerar empregos de qualidade. Temos tudo para construir uma sociedade com oportunidades para todos. O acúmulo de políticas equivocadas da última década, porém, nos desviou do bom caminho e levou a uma crise econômica sem precedentes.
O artigo procura avaliar os significados da “Era Lula” do ponto de vista da história econômica e social brasileira. Não se trata de uma reflexão neutra ou isenta, ainda que se pretenda crítica.
A questão proposta pela Revista Interesse Nacional é se podemos falar em uma nova política macroeconômica da presidente Dilma Rousseff, com a redução na taxa de juro, a desvalorização do real e as mudanças na politica monetária, fiscal e cambial.
Antes da ocorrência da crise de 2008 e de seus desdobramentos, havia grande otimismo quanto à aceleração do crescimento brasileiro.
Sabíamos que não poderíamos contar com uma grande contribuição da absorção de mão de obra, porque, em pleno emprego no mercado de trabalho, ela está limitada pelo crescimento demográfico, que leva a uma taxa de crescimento de 1,5% ao ano da população em idade ativa.
A história do mundo evoluiu de forma acelerada na virada do século, expondo sinais de envelhecimento da ordem internacional estabelecida no pós-guerra.
Os países em desenvolvimento (muitos ainda colônias) eram menos importantes quando da criação do sistema das Nações Unidas e passaram mais de meio século subrepresentados nos mecanismos mais importantes de governança mundial – tanto aqueles responsáveis por questões de paz e segurança, quanto aqueles com mandatos nos campos econômico, financeiro, comercial e de desenvolvimento.
O Brasil já conhece a lista de carências e prioridades do futuro. A relação inclui desde problemas que não são resolvidos porque ninguém sabe como fazer isso – o caso mais notável é a reforma tributária – e também questões que começam a ser encaminhadas após a construção de um respeitável consenso político, como a educação. As carências atuais da infraestrutura brasileira produzem um prejuízo calculado em us$ 40 bilhões por ano, em negócios atrasados ou desfeitos. Apesar da proteção de um colchão de us$ 240 bilhões em reservas, cedo ou tarde será preciso encarar a valorização do real frente ao dólar, sob o risco de o País enfrentar uma crise nas contas externas e desindustrializar-se em ritmo acelerado, comenta o jornalista e colunista da revista Época.
O ano de 2010 será o melhor da economia brasileira desde o Plano Cruzado. Porém, esse desempenho esconde desequilíbrios importantes, como a alta da inflação e a rápida elevação do déficit em conta corrente. É preciso reduzir o gasto corrente, para ampliar a poupança e o investimento públicos. Para ser capaz de crescer a taxas elevadas, o Brasil precisará ampliar e melhorar sua infraestrutura de transporte, investir mais em eletricidade e expandir o acesso à água potável e instalações sanitárias.
Recentemente, o Brasil despontou como um importante interlocutor nas negociações globais de comércio e finanças. O País também estará, em poucos anos, na linha de frente das discussões de políticas energéticas. Esses importantes avanços precisam se refletir em uma política externa pragmática e responsável, em cooperação com países que buscam apoiar a democracia e o desenvolvimento social e econômico no mundo em desenvolvimento, afirma o autor.
Assentada em bases reais construídas ao longo dos últimos quinze anos, a imagem positiva do Brasil no exterior beneficia-se também do carisma próprio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, a boa imagem poderá desbotar se inspirar devaneios de grandeza que estão acima e além da capacidade de ação do Brasil, risco que o autor identifica em algumas ações da atual política externa. Para ele, não há razões para que o País busque projeção global em contraposição aos Estados Unidos.