Visitas de Lula aos EUA e à China, bem como declarações sobre a guerra, mostram que o país está voltando a reforçar sua tradicional busca por autonomia e equidistância, sem se comprometer com nenhum lado em disputas geopolíticas. Em um contexto de crescente polarização e pressão por alinhamentos, posição pode acarretar riscos de insatisfação generalizada com o país
Os arroubos verbais do presidente transformam situações que poderiam ser vistas como sucesso em atritos desnecessários que prejudicam a própria ambição de Lula de ter um papel de maior visibilidade e influência nas questões geopolíticas mais relevantes. Para embaixador, aparenta haver um esvaziamento problemático do Itamaraty, mas as declarações até agora não devem ter consequências práticas contra o país
O desenvolvimento econômico latino-americano continua sendo assumido como uma variável dependente das necessidades geopolíticas de uma potência estrangeira.
Encontro dos líderes brasileiro e chinês ampliou a visibilidade brasileira em 30% na segunda semana de abril em relação à média. A maior cobertura sobre a viagem foi feita pelo China Daily, que publicou um ‘recorde’ de 33 matérias com menções de destaque sobre o Brasil, sendo dois terços delas com tom favorável ao país
Enquanto o mundo passa por uma mudança no posicionamento de vários países, a região é a que menos cresce e menos se conecta com os setores dinâmicos da economia global e não consegue montar blocos fortes. Para embaixador, o Brasil tem excesso de poder em meio ambiente, mudança de clima, segurança alimentar e energia renovável, e poderia usar isso para liderar a América do Sul, influindo no realinhamento global
Desde que o novo governo chegou ao poder, uma em cada cinco menções ao país no exterior era favorável a sua imagem –índice que não foi melhor por causa da projeção negativa dos ataques de 8 de janeiro. Brasil tem oportunidade de melhorar seu prestígio no mundo, mas tem o desafio de superar problemas domésticos e ampliar a projeção no exterior
Profundas mudanças estão ocorrendo no mundo e estão acarretando um realinhamento de países e de grupos de países para a defesa de seus interesses
Viagem do chinês à Rússia foi uma contundente afirmação de seu apoio a Vladimir Putin em um momento crítico da guerra na Ucrânia, lembrando ao mundo que o eixo sino-russo é sólido. Para especialista, entretanto, a aliança também é marcada por desconfiança recíproca, rivalidade aberta e até competição acirrada
Planos de aproximação diplomática e econômica entre os dois países tiveram repercussão na mídia estrangeira, projetando a ideia da ‘volta’ do Brasil à arena internacional após anos de retração sob o governo anterior
Prestes a se tornar o mais importante país do mundo, a Índia tem a maior população e uma economia com margem para ganhos de produtividade, com potencial de ampliar sua importância militar e geopolítica. Para embaixador que serviu no país, a caravana da história está se dirigindo para o Oriente, e o Brasil precisa estar preparado para conviver com este novo paradigma