23 outubro 2024

Reunião do Brics marca nova etapa na trajetória do grupo

Artigo e entrevista analisam a participação do Brasil na cúpula dos países emergentes na Rússia

Cúpula do Brics em Kazan, na Rússia (Foto: Infobrics)

O Brasil participa desde o início desta semana da reunião do Brics, que se realiza em Kazan, na Rússia. O encontro marca uma nova etapa na trajetória do grupo, conforme escrevi em um artigo publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo.

A decisão de dobrar o número de participantes de todos os continentes, sob a liderança da China, com a inclusão de países autoritários e de viés anti-EUA, está tornando o Brics o embrião de um movimento antiocidental. Com o predomínio da China, o movimento tende a se ampliar com a grande maioria dos países com uma postura antiamericana e com viés pró-Rússia.

A contraposição ao Ocidente não é ideológica ou militar, mas de princípios, valores, na economia, nas finanças e nos avanços tecnológicos. A tendência de divisão do mundo entre Ocidente e o movimento antiocidental está aí para ficar. As implicações geopolíticas são evidentes e poderosas. Embora sem uma agenda comum, os países-membros do Brics passaram a ampliar suas relações, tornaram-se mais conhecidos e passaram a coordenar suas ações nos organismos multilaterais, como a ONU, em temas de interesse comum

Entre os interesses das potências ocidentais e orientais, o Brasil tem o desafio de encontrar uma via independente, conforme analisei em entrevista a Natuza Nery no podcast O Assunto, do G1.

O Brasil procura usar o Brics como alavanca para uma nova governança global, em que a multipolaridade prevaleceria sobre a unipolaridade, sem necessariamente confrontar o Ocidente

Presidente e fundador do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE). É presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da FIESP, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo), presidente do Centro de Defesa e Segurança Nacional (Cedesen) e fundador da Revista Interesse Nacional. Foi embaixador do Brasil em Londres (1994–99) e em Washington (1999–04). É autor de Dissenso de Washington (Agir), Panorama Visto de Londres (Aduaneiras), América Latina em Perspectiva (Aduaneiras) e O Brasil voltou? (Pioneira), entre outros.

Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional

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