A reinvenção do Brasil: contingências e desafios

Paulo Hartung 30 setembro 2022

Político e economista, Paulo Hartung traça cenário para o pós-período eleitoral. Para ele, nada será menos pedregoso do que no resto do mundo. Apesar de sutil melhora no mercado de trabalho e desempenho do PIB, convivemos com descrédito crescente quanto aos rumos da economia. Especialmente, em razão de medidas inconsequentes e eleitoreiras, sem lastro técnico, que comprometem as contas públicas. Será impositivo que o próximo presidente atue para reequilibrar a relação com o Congresso, consagrando protocolos de governabilidade. Não é tarefa simples, mas possível, se guiada por propósitos de grandeza política.

Processo político e corrosão institucional sob a polarização

Marco Aurélio Ruediger 30 setembro 2022

O sociólogo Marco Aurélio Ruediger projeta uma sombra sobre a vida democrática do Brasil. Condição trazida por elementos de polarização, autoritarismo e conflito interinstitucional. Uma agenda se assenta numa guerra cultural e na busca por remodelagem entre poderes, tentando implantar um Executivo unitário, a exemplo do debate do trumpismo. Três razões confluem para essa corrosão: crescente déficit de confiança, derivado do desgaste das boas práticas públicas; esquemas de corrupção em caráter predatório às estruturas de Estado; e falta da razoabilidade na interpretação da lei, com uso radicalizado de recursos legais para além do princípio de presunção de inocência.

A ideologia de Putin teria a Rússia como centro da civilização global

Denis Lerrer Rosenfield 30 setembro 2022

O professor Denis Lerrer Rosenfield analisa a visão que põe a Rússia como centro do mundo, e que, no momento, se espraia pelo universo eslavo por afinidade de valores, mesmo que separados por fronteiras territoriais. Isto significa que seus princípios, instituições, costumes e história teriam dimensão sagrada, traduzindo-se por uma validade absoluta, pois remontam a Deus conforme a crença ortodoxa. Por via de consequência, os interesses nacionais russos se sobreporiam a todos os demais, em particular aos do mundo eslavo em um primeiro momento, justificando qualquer invasão ou conquista territorial.

Quem te viu, quem te verde: não basta ser sustentável, é preciso projetar-se

Hayle Melim Gadelha 30 setembro 2022

O diplomata Hayle Melim Gadelha avalia que o mandato que principia em 1º de janeiro de 2023 será definidor do lugar do Brasil em uma ordem que ainda se desenha. Para que possamos ser respeitados, devemos eleger participar, com peso próprio e independência, da construção do mundo que surgirá após a pandemia e a guerra. “É momento de despir-se do futuro inalcançável e edificar o presente sustentável”, defende. A imagem do país, hoje associada à devastação ambiental, ao recrudescimento da fome e à violência, precisará estar no centro de qualquer projeto político de recuperação do País.

Capitalismo, meio ambiente e as florestas “inventadas”

Claudio de Moura Castro 30 setembro 2022

O economista Claudio de Moura Castro trata do grave problema do desmatamento no Brasil, que leva à redução das chuvas, do volume de água dos rios e ao aquecimento do ar. Sendo assim, os vários atores da sociedade devem tomar a tarefa de frear tais desastres. Ele pontua que o Estado não dispõe dos recursos necessários para tal. Mas a sociedade pode se mobilizar. Precisamos desmatar mais? Na verdade, estima-se que o país tenha 18% de sua superfície composta de terras agriculturáveis, sem contabilizar as áreas cobertas por florestas. Apenas 7% são utilizadas. Com essa abundância, a produção agrícola pode triplicar, sem que se corte uma só árvore.

Mercosul na casa dos 30

Os diplomatas Michel Arslanian Neto e Kassius Diniz Pontes escrevem sobre as três décadas de existência do Mercosul. Desde a sua criação, o agrupamento desempenha papel de dinamização econômico-comercial contribuindo para assentar a democracia no subcontinente. Em seus 30 anos, o intercâmbio comercial intrabloco multiplicou-se por 12. Um avanço recente é a promissora conclusão do acordo Mercosul-Singapura, em fase de revisão jurídica. Trata-se do primeiro acordo de livre comércio do bloco com um dos maiores entrepostos comerciais e de investimentos do planeta. Singapura é o 6º destino das exportações brasileiras.

O que se espera de uma Academia de Letras?

José Renato Nalini 30 setembro 2022

O jurista e acadêmico José Renato Nalini discute o papel das Academias de Letras, que vai além de debater e preservar a cultura, ao defender princípios democráticos sem se envolver em política partidária. Estabelecida essa convicção, a entidade se manifesta e redige manifestos, persuadida sempre que se exige dela tal postura: “Uma Academia não existe exclusivamente para deleite de seus integrantes, para encontros em torno à mesa, platitudes e autoelogios. Ela é, continuará a ser e se orgulha de se fazer presente, quando a nação aguarda que seus filhos se armem com palavras – o mais valioso instrumento de transformação da sociedade”.

Reflexões sobre a Independência

Carlos Henrique Cardim 30 setembro 2022

O embaixador Carlos Henrique Cardim revisita 1822 sob os aspectos históricos do processo da independência, que se estende do nascimento de uma nação e passa por figuras históricas nesse processo, desde o Marquês Pombal e Senador Feijó, para desaguar em Juscelino Kubitschek. Este último, respondeu na política exterior pela iniciativa de idealizar a Operação Pan Americana – OPA: “Com o apoio inicial do presidente americano Dwight Eisenhower, e, depois, dos líderes latino-americanos, a OPA é considerada um dos melhores projetos da história da diplomacia brasileira, em prol da democracia e do desenvolvimento”.

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