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ANO 9 | OUT-DEZ 2016

Edição 35

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Após nove meses do processo de impeachment, a presidente Dilma Rous-seff foi afastada, e Michel Temer assumiu a presidência da República, efetivamente, em 1º de setembro. No segundo mandato da presidente Dilma, que culminou com 13 anos do Partido dos Trabalhadores (PT) no poder, o Brasil conheceu uma das piores crises de sua história republicana, e o período que temos pela frente, até as eleições gerais, em 2018, será desafiador. Trata-se de plantar reformas que recoloquem o País na trilha do crescimento econômico e do desenvolvimento em todos os seus aspectos, sobretudo o social, tendo em vista a elevada taxa de desemprego (11,3% no segundo trimestre deste ano) e a queda na renda das classes menos favorecidas.


O Conselho Editorial desta revista convida os leitores a participarem do debate sobre os temas abordados nas próximas páginas por respeitados especialistas.


O primeiro de seis artigos é de Murillo de Aragão, advogado e cientista político que analisa o quadro brasileiro a partir de seu posto de observação em Brasília. Ele escreve sobre “Cenários pós-impeachment e seus principais vetores”, entre eles a judicialização da política e o ativismo judicial. O andamento das investigações e os julgamentos decorrentes das mesmas terão enorme repercussão no mundo político. A intervenção do Poder Judiciário no ambiente político, para o bem ou para o mal, veio para ficar, diz.


Outros vetores analisados: desafios do presidencialismo de coalizão, ajuste de contas, retomada econômica e vetor social (popularidade, expectativas e manifestações). “Tudo indica que o sentimento antipolítico marcará presença em 2018. A quem beneficiará? A Marina Silva (Rede) ou a um outsider? Será que o centro da política nacional vai se recuperar e marchar unido em 2018? Ou será tragado pelos desdobramentos da Operação Lava Jato? Um outsider, como o juiz Sergio Moro, pode ser candidato presidencial? Se sim, por qual partido? Uma campanha sem partidos fortes pode prosperar?”.


José Ricardo Roriz Coelho, vice-presidente da Fiesp e diretor do seu Departamento de Competitividade e Tecnologia, analisa a crise e defende a necessidade de reformas. Ele sugere que uma agenda de curto prazo para a retomada da atividade industrial deveria ter foco em cinco pontos principais: o não aumento de impostos; a redução dos juros; o destravamento do crédito; o desengessamento dos investimentos em infraestrutura e o estímulo à exportação.
O embaixador aposentado Renato Marques, especialista em comércio exterior, reflete sobre o tema globalização e integração regional, com ênfase no Mercosul. “O abandono da postura terceiro-mundista, típica da era petista, torna possível uma reflexão no tocante ao Mercosul e uma avaliação de sua funcionalidade para o país. Exercício que deveria começar por tentar entender a verdadeira personalidade do Mercosul, sobretudo agora que tanto se fala em resgatar seu sentido original. O primeiro passo poderia ser o exame de uma questão central, relativa ao alcance da expressão ‘mercado comum’, adotada nos sucessivos instrumentos integracionistas, como forma de enfrentar uma questão ontológica importante: de que Mercosul estamos falando? Tudo somado, não será tarefa fácil a reforma do Mercosul”, conclui o autor.


Segurança jurídica e investimentos em infraestrutura são o tema de Daniel Bogéa, advogado e diretor-executivo do Instituto Helio Beltrão. Para ele, “a criação de um ambiente de negócios mais seguro sob o ponto de vista jurídico é um passo fundamental para a atração de investimentos”, mas a “garantia de estabilização de relações jurídicas pretéritas e de maior previsibilidade das relações jurídicas futuras não depende apenas de mudanças legislativas. O processo de construção do princípio da confiança nas relações Estado-mercado deve ser pensado no longo prazo. Não podemos deixar de lado a dimensão cultural do problema, direcionando esforços ao fomento de um capital cívico que contraste com a lógica desconfiada do modelo ainda dominante”.


No ano em que a Lei Maria da Penha completa dez anos, Interesse Nacional traz um artigo sobre a violência contra as mulheres, assinado por Ana Paula Portella, socióloga, pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Criminalidade, Violência e Políticas Públicas de Segurança da Universidade Federal de Pernambuco. “Políticas públicas de prevenção e contenção da violência – contra as mulheres, mas não apenas – só surtirão efeito concreto e sustentável se forem parte de um projeto civilizador global, que envolve necessariamente Estado e sociedade e, no que diz respeito às mulheres, deve necessariamente incorporar o componente de gênero, ou seja, considerar que o simples fato de ser mulher produz exposição, risco e vulnerabilidades específicas à violência”, diz.


A propósito das manifestações de rua, que desde 2013 são frequentes no País e esquentam o debate sobre se a ação da polícia extrapola os limites da legalidade, o deputado estadual por São Paulo, Alvaro Batista Camilo, o “coronel Camilo”, que foi comandante-geral da Polícia Militar do estado de 2009 a 2012,  escreve sobre o direito de ir e vir e o direito de reunião e manifestação, à luz da Constituição brasileira.


Para o autor, “o uso da força policial nas manifestações é plenamente legal, pois constitucionalmente cabe à polícia o dever de garantir os direitos de manifestação e locomoção, bem como o de preservar a ordem pública e de garantir a segurança de todos, manifestantes ou não. Fato é que a instituição tem sido constantemente cobrada pela imprensa quando deixa de agir”.

Confira os artigos desta edição

Edição 35

O Brasil é uma democracia recente e ainda está aprendendo a ser democrático. Passamos de um regime militar forte, disciplinado, de ordem, no qual os deveres, às vezes, sobrepunham-se aos direitos, para um regime democrático distorcido, no qual todos acham que podem tudo, que têm direitos sem deveres, que têm liberdade sem responsabilidade, no qual os direitos estão se sobrepondo, em muito, aos deveres, sendo estes praticamente esquecidos em determinadas situações.
Desde 2006, quando foi promulgada a Lei Maria da Penha, tem crescido a sensibilidade e a consciência coletivas a respeito da violência contra as mulheres no Brasil. Depois de mais de duas décadas de ativismo feminista em torno desse problema, o país parece compreender, finalmente, que não é justo, não é correto nem moralmente aceitável que metade de sua população viva em permanente estado de alerta e, muitas vezes, de medo da possibilidade de vir a sofrer algum tipo de violência masculina.
O desenvolvimento é a terra prometida que o Brasil parece jamais alcançar. Nas mais variadas receitas para que cheguemos a esse tão sonhado destino, a atração de investimentos é apontada de forma consensual como ingrediente indispensável.
As mudanças anunciadas pelo novo governo – com seus inevitáveis desdobramentos na condução da política externa – constituem um momento oportuno para rever os critérios que orientaram a condução da diplomacia nacional, marcada nos últimos anos pela excessiva ênfase no relacionamento Sul-Sul, pela busca de um acordo na malograda Rodada Doha da OMC, pelo estímulo à improvável concertação de posições no âmbito dos Brics e por iniciativas em favor da multipolaridade, entendida como uma forma de enfraquecer o poder dos EUA em escala mundial.
A crise que o Brasil enfrenta atualmente está entre as três maiores desde a fundação da República. Este artigo pretende discutir brevemente algumas de suas causas e sugerir medidas para a sua superação, mas também tem como objetivo ultrapassar a discussão conjuntural focada no ajuste fiscal, que tomou conta de todas as atenções do país e voltar a atenção para uma agenda estrutural da maior importância para a economia brasileira: o crescimento da produtividade e o papel da indústria de transformação nesse processo.
Cabe, de início, estabelecer que as mudanças no país que irão decorrer do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff têm raízes fincadas em 2010, quando o ex-presidente Lula decidiu escolhê-la como sua candidata presidencial. A escolha de Dilma foi decisiva para que se chegasse às condições que geraram o seu impeachment.

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