Apresentação
A atual edição da Revista Interesse Nacional avança pela discussão sobre os caminhos para o terceiro mandado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou ao posto com as experiências e o desafio de não repetir os governos Lula 1 e 2. Os articulistas aqui refletem sobre temas que se estendem do atual desarranjo institucional, diante de um Congresso empoderado, à busca por uma agenda capaz de unir o Brasil em torno de um programa econômico factível. Mesmo diante de análises um tanto pessimistas sobre a capacidade de se obter sucesso, eles têm esperança de que as ponderações possam estar erradas e o governo surpreender.
A inexistência de uma visão clara das prioridades do país, dizem, levou o governante a perder tempo precioso para reconciliar a nação dilacerada pela polarização. Diante de problemas semelhantes aos já enfrentados no passado, Lula tenta resolvê-los com soluções conhecidas. Mas, eles consideram que o presidente precisaria reconhecer que o entorno mudou e novas soluções se impõem. Há consenso de que o seu maior problema é a formação de uma maioria estável no Congresso Nacional.
No âmbito da política externa, o dilema da neutralidade ganha nessa edição um paralelismo entre as eras Vargas e Lula. Se no passado Getúlio praticou a política de equidistância entre os Aliados da II Guerra Mundial e as potências do Eixo, hoje Lula precisa se equilibrar entre a superpotência com sinais de declínio da supremacia (EUA) e outra em ascensão econômica e geopolítica (China). E deve fazer isso na perspectiva realista da crescente tensão entre as duas superpotências, aliada ainda à elevada dependência do Brasil a investimentos chineses.
Estão na edição também o destino histórico do Mercosul em seus 30 anos de existência; a dificuldade ao enfrentamento da corrupção com leis preventivas para combater esse mal que alimenta o falso discurso de regimes autocráticos; a defesa de mais recursos para a Cultura, vista como essencial na formação educacional de um povo; e o reconhecimento de que propostas de manejo da floresta tropical devem conciliar diversidade e evolução das espécies arbóreas e assegurar a sua viabilidade econômico-financeira em uma economia de mercado.
Boa leitura!