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Interesse Nacional
29 fevereiro 2024

Daniel Buarque: O primeiro ano de Lula III e a frustração das expectativas globais

Artigo publicado pela revista Foreign Affairs aponta os erros e fracassos da política externa brasileira desde o início de 2023. Escrito pelo professor Matias Spektor, texto avalia que apesar dos problemas, o presidente ainda pode corrigir o rumo e avançar na busca por uma projeção maior do país

Artigo publicado pela revista Foreign Affairs aponta os erros e fracassos da política externa brasileira desde o início de 2023. Escrito pelo professor Matias Spektor, texto avalia que apesar dos problemas, o presidente ainda pode corrigir o rumo e avançar na busca por uma projeção maior do país

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante conversa com jornalistas no Palácio do Itamaraty (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)

Por Daniel Buarque*

O primeiro ano da política externa do atual mandato de Luiz Inácio Lula da Silva frustrou grandes expectativas internacionais, diz um artigo publicado pela prestigiosa revista Foreign Affairs. O texto intitulado What Happened to Lula? descreve a grande e positiva expectativa global gerada pela vitória do petista nas eleições, indica que ele conseguiu agradar a americanos e chineses, mas lista uma série de passos em falso desde o início do governo, o que gera apreensão global e põe em risco a projeção internacional do país.

“A sua política externa até agora tem sido assolada por erros diplomáticos que têm prejudicado as relações com parceiros tanto no Ocidente como no mundo em desenvolvimento. As suas declarações e ações lançaram dúvidas sobre o seu papel como pacificador, construtor de coligações e defensor dos marginalizados”, diz o texto assinado pelo professor brasileiro Matias Spektor. Além disso, continua, o compromisso com a liderança ambiental foi prejudicado pela decisão de transformar o Brasil no mais recente petroestado. “E o seu grande projeto ignora a ameaça mais premente do seu país: a expansão explosiva de redes criminosas” que minam a força do Estado.

Apesar de reconhecer claros avanços alcançados pelo governo, como a presidência do G20 e o direito de organizar a Cúpula do Clima em Belém, o artigo aponta mais erros da política externa brasileira. Ele argumenta que Lula não aproveitou a rara abertura dos Estados Unidos para fazer avançar a sua visão e desperdiçou a sua boa vontade por conta do seu posicionamento a respeito da guerra na Ucrânia, sem responsabilizar diretamente a Rússia. 

Além disso, avalia que o país também teve fracassos em sua política voltada ao Sul Global, falhando nas negociações do Mercosul e na tentativa de reavivar a Unasul, além de ter atualmente atritos com o governo de Javier Milei, da Argentina.

Spektor argumenta que, apesar dos erros e dos problemas do primeiro ano, ainda há tempo para mudar de rumo e acertar na busca da política externa brasileira por um papel de liderança global. Para ele, o governo deve reconectar parceiros no Ocidente e na América Latina, defender mais ativamente a democracia na Venezuela, elaborar um novo conjunto de políticas climáticas e renovar o aparelho de inteligência do país e coordenar-se melhor com parceiros externos para reverter o crescimento perigoso das redes criminosas do Brasil.

“Aprimorar a grande estratégia do Brasil é uma tarefa formidável e o momento é urgente – faltam apenas dez meses para a cúpula do G20. Mas se Lula jogar bem as suas cartas, ainda poderá reparar parcerias tensas e reconstruir a sua reputação como intermediário diplomático. Ele pode ajudar a estabilizar a sua região e o seu país. Ele pode, em outras palavras, cumprir a promessa central de uma ordem global progressista: usar a diplomacia para resolver problemas, mesmo quando os incêndios proliferam num mundo politicamente fragmentado.”


*Daniel Buarque é colunista e editor-executivo do portal Interesse Nacional, pesquisador no pós-doutorado do Instituto de Relações Internacionais da USP (IRI/USP), doutor em relações internacionais pelo programa de PhD conjunto do King’s College London (KCL) e do IRI/USP. Jornalista, tem mestrado em Brazil in Global Perspective pelo KCL e é autor de livros como Brazil’s international status and recognition as an emerging power: inconsistencies and complexities (Palgrave Macmillan), Brazil, um país do presente (Alameda Editorial) e O Brazil é um país sério? (Pioneira). 

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Artigos e comentários de autores convidados não refletem, necessariamente, a opinião da revista Interesse Nacional 

Editor-executivo do portal Interesse Nacional. Jornalista e doutor em Relações Internacionais pelo programa de PhD conjunto do King’s College London (KCL) e do IRI/USP. Mestre pelo KCL e autor dos livros Brazil’s international status and recognition as an emerging power: inconsistencies and complexities (Palgrave Macmillan), Brazil, um país do presente (Alameda Editorial), O Brazil é um país sério? (Pioneira) e O Brasil voltou? (Pioneira)

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