Edição 15

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Fiel à sua vocação de contribuir para o debate sobre o interesse nacional, esta revista abre a edição 15 com um artigo instigante: “A Copa do Mundo é Nossa?” Juca Kfouri vai a fundo na discussão sobre a orgia da construção de novos estádios em preparação para o mundial de 2014. Em vez de priorizar o legado às cidades, demonstra que estamos ten- tando dar um passo maior que nossas pernas, diz. “Um exemplo: o Maracanã foi demolido para ser feito outro, embora o lendário santuá- rio do futebol tenha sido reformado para os Jogos Pan-Americanos de 2007. Porto Alegre, Curitiba, Salvador e Fortaleza também estão na festa dos estádios. Enquanto isso os aero- portos, as estradas, a rede hospitalar, a hote- leira… Um estudo do Tribunal de Contas da União já demonstrou que nada menos do que 98,5% do que se gastará para fazer a Copa será de dinheiro público”. Kfouri compara: “quando a Copa do Mundo foi realizada nos Estados Unidos nem sequer um estádio foi erguido para recebê-la, assim como a França, quatro anos depois, construiu apenas um, o Stade de France, em Saint-Denis, nos arredores de Paris”.


Interesse Nacional, que não se descuida de seguir a discussão sobre políticas públicas, traz neste número o artigo “Quem Manda na Edu- cação?”dos especialistas Claudio de Moura Cas- tro e Maria Helena Guimarães de Castro. Do ponto de vista político-institucional e de acor- do com a Constituição de 1988, nenhum nível


manda no outro. “Não obstante, a lei prescreve a colaboração entre os níveis. A experiência e as regras sociológicas da burocracia sugerem que tal cooperação é difícil fazer funcionar na prática.” O artigo discute o poder dos diferen- tes atores envolvidos na educação, no Brasil: o Ministério da Educação, os prefeitos, os secre- tários de educação, os diretores de escola, os sindicatos de professores, os pais de alunos, o empresariado e a imprensa.


Publicação suprapartidária e independen- te, Interesse Nacional tem abrigado artigos de petistas e tucanos. Desta vez, o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, do psdb, traz à tona o tema do desenvolvimentismo, abordado também na edição anterior por Luiz Carlos Bresser-Pereira. “Ao deixar o socialis- mo de lado, Lula e seus seguidores perderam o contraponto que desde a fundação do parti- do era usado para diferenciá-lo do que enten- diam ser o liberalismo dos partidos burgueses. Precisando encontrar outra referência para a luta política, principalmente contra os tuca- nos, passaram então a se denominar desenvol- vimentistas também”, escreve Mendonça de Barros no artigo “Revisitando o Desenvolvi- mentismo Tucano”.


A edição 15 circula numa etapa de agrava- mento da crise econômica mundial. “Apesar do otimismo corrente acerca das condições eco- nômicas do país, há razões para preocupação. A boa performance da economia no contexto pós-crise financeira não deve obscurecer a permanência de problemas antigos, como a baixa poupança interna e os juros altos, que conti- nuam limitando a capacidade de crescimento não inflacionário do país. A própria resposta à crise, na forma de um forte expansionismo fiscal e de crédito público, agravou algumas in- consistências do modelo econômico nacional”, diz Paulo Pereira Miguel, diretor de pesquisa econômica da Quest Investimentos, no artigo “Os Juros Altos e a Cultura da Indexação – Uma Anomalia Basileira”.


A crise nas televisões abertas, sejam as pri- vadas, com finalidades comerciais, sejam as pú- blicas, com finalidades sociais, é o tema de Jorge Cunha Lima. No ensaio “Três Telas para o Exer- cício da Cidadania – tv Cultura, tv Futura e tv Brasil”, o ex-secretário da Cultura do Estado de São Paulo analisa as dificuldades para manter a audiência. “Desde a queda das Torres por ato terrorista, fator muito ampliado pela crise eco- nômica de 2008 e pelas decorrentes incertezas financeiras e políticas, a audiência das televisões caiu muito e, por consequência, a publicidade. A concorrência ficou mais acirrada, entre as co- merciais, com o consequente rebaixamento da qualidade das produções. Acrescente-se a esse fator a presença crescente e avassaladora da in- ternet no hábito das famílias, desde as crianças de cinco anos até os aposentados”.


Francisco de Arruda Sampaio, autor de li- vros didáticos e sócio fundador da Editora Sa- randi, e Aloma Fernandes de Carvalho, autora de obras sobre Ciências, Geografia e Alfabeti- zação, escrevem sobre os alcances e os limites dos métodos e sistemas de avaliação dos livros didáticos. “A inconsistência entre os parece- res de equipes de diferentes edições do pnld (Programa Nacional do Livro Didático), e até mesmo dentro de uma mesma equipe, é forte indicativo de que a avaliação do livro didático necessita urgentemente de uma revisão profun- da e deve ser submetida a mecanismos de con- trole de qualidade ainda inexistentes”.


Na edição passada, a revista trouxe artigos sobre as relações entre o Brasil e a China e o Brasil e os Estados Unidos. Neste número, a jornalista Patrícia Campos Mello, ex-corres- pondente em Washington e autora de repor- tagens sobre questões hemisféricas, escreve sobre o “Consenso de Brasília”. Com a vitória de Ollanta Humala na eleição presidencial do Peru – e seu início de governo com muitos afa- gos para os moderados e um gabinete centrista
⦁ avança na América Latina o que vem sendo chamado de “Consenso de Brasília”.

Regimes de esquerda moderada, que com- binam inclusão social com nacionalismo na exploração de recursos naturais e estabilida- de macroeconômica, estão se consolidando na América Latina. “Países como Brasil, Uruguai e El Salvador, os maiores símbolos do consenso, Argentina e Paraguai, países híbridos, e Chile e Colômbia, países de centro-direita que estão se movendo para o modelo brasileiro, todos com- partilham algumas orientações. Eles apostam nos cânones da estabilidade macroeconômica independência do Banco Central, estabilida- de fiscal, câmbio flutuante. Compartilham da preocupação com a inclusão social e adotam, em maior ou menor extensão, programas de transferência condicional de renda e de valori- zação do salário mínimo”.


Fechando a edição, o professor adjunto do Centro de Relações Internacionais da Funda- ção Getúlio Vargas (fgv), Oliver Stuenkel, es- creve sobre “Potências Emergentes e o Futuro da Promoção da Democracia”. Embora vários governos e organizações ocidentais continuem a gastar uma quantia considerável de recursos a cada ano em projetos de assistência à demo- cracia, há uma mudança notável de poder em favor de países que são mais ambivalentes em promover a democracia, ou daqueles que rejei- tam completamente a ideia, diz. “Democracias emergentes como o Brasil e a Índia oferecem uma perspectiva mais sutil quanto à possibi- lidade e à maneira de promover a democracia. A defesa de democracia e do pluralismo polí- tico faz parte do interesse nacional de potên- cias emergentes? Se esse for o caso, quais as melhores maneiras de incorporar essa defesa? Como as potências emergentes lidam com a tensão em sua perspectiva do mundo entre a noção da soberania e a da intervenção, e o que isso significa para o futuro de promoção da democracia?”

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