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ANO 7 | ABR JUN 2014

Edição 25

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Esta edição circula a dois meses do início da Copa do Mundo de Futebol, evento que o Brasil sediará em 12 capitais. A preparação para o Mundial, desde junho de 2013, quando explodiram os protestos de rua, tem motivado críticas contra os gastos elevados na construção de estádios, dinheiro que, alega-se, poderia ter sido empregado em hospitais, escolas e transporte urbano. A essas manifestações se somam outras por melhor qualidade e mais oferta desses serviços públicos. A mobilização popular acontece em período pré-eleitoral e coincide com uma fase de crescimento baixo da economia, elevação de juros, inflação resistente, menor disposição dos empresários para investir e queda na confiança do setor privado no governo, contexto muito diferente daquele de 2007, quando, em clima de euforia, com a economia em alta, o ex-presidente Lula ofereceu o Brasil para sediar o torneio mundial. Para abordar esses temas – a Copa do Mundo e o contexto político que a envolve, desafios da segurança pública, perspectivas da economia brasileira em 2014 e eleições presidenciais de outubro – o Conselho Editorial convidou cinco articulistas que conhecem os respectivos assuntos em profundidade. O artigo de abertura, escrito pela diretora do Valor Econômico em Brasília, Claudia Safatle, analista da cena econômica do País desde a década de 1970, situa o leitor nas discussões sobre a Copa do Mundo, abordando aspectos da economia e da política.

O impacto econômico do evento, tão aclamado pelas autoridades como um benefício para o país é, segundo estudos de economistas internacionais, mais neutro do que positivo, escreve Safatle. Os gastos estimados na construção e na reforma dos 12 estádios saltaram de R$ 5 bilhões, em 2010, para mais de R$ 7 bilhões agora. Cálculos da consultoria KPMG indicam que aqui se ergueram os estádios mais caros do mundo. “Mas, este pode ser um momento exitoso para o país. Se bem-sucedido, o evento vai gerar um ganho de imagem importante para ajudar a tirar de cena o mau humor do mundo com o Brasil – hoje visto como um dos “cinco frágeis”; as cinco economias emergentes mais vulneráveis ao processo de normalização das condições monetárias nos Estados Unidos, ao lado da Turquia, Indonésia, Índia e África do Sul.” Na sequência, o secretário de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, José Mariano Benincá Beltrame, escreve sobre o planejamento para os grandes eventos: Jornada Mundial da Juventude (2013), Copa do Mundo (2014) e Jogos Olímpicos (2016). Para isso, foi criada, em 2010, no âmbito da Secretaria, a Comissão Estadual de Segurança para Grandes Eventos (Cesege), que tem como objetivo integrar as forças de defesa e segurança que atuam no estado. Todos os investimentos em grandes eventos foram planejados para que se tornassem um legado para o estado, e alguns deles já auxiliam as forças de segurança e nas atividades de rotina. Entre todos, o que requereu maior esforço foi a construção do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), localizado na Cidade Nova, ao lado do Sambódromo, em frente à estação Praça XI do Metrô.

Confira os artigos desta edição

Edição 25

A defesa nacional não desperta interesse. Nosso poder militar é visto mais em seus papeis influentes no cotidiano e na sín­drome da insegurança pública do que como ins­trumento de defesa. O preparo militar da Aero­náutica é irrelevante, mas a crise dos controlado­res de voo a evidenciou, porque ameaçava o transporte aéreo. A Marinha é cobrada quando ocorre acidente até com embarcação de recreio. Já o seu preparo militar não merece atenção.
A edição anterior da Interesse Nacional trouxe artigo, titulado “Revolução do Mundo do Museus” que merece refle­xão. Consistente em uma longa explanação sobre a evolução da importância social dos museus, li­mita-se tal artigo a tão somente mencionar a existência do Decreto 8.124 de outubro de 2013, sem ao menos tangenciar qualquer de seus pon­tos mais polêmicos, passando, assim, totalmente à margem de toda a discussão que vem repercu­tindo fortemente na mídia nacional.
Muitos motivos se somaram, ao longo da nossa história, para dificultar a tarefa de decifrar, mesmo imperfeitamente, o enig­ma brasileiro. Já independentes, continuamos a ser um animal muito estranho no zoológico das nações: sociedade recente, produto da expansão europeia, concebida desde o início para servir ao mercado mundial, organizada em torno de um escravismo prolongado e tardio, única monar­quia em um continente republicano, assentada em uma extensa base territorial situada nos trópi­cos, com um povo em processo de formação, sem um passado profundo onde pudesse ancorar sua identidade. Que futuro estaria reservado para uma nação assim?
1.  Introdução Em 2010, a revista The Economist apontou o Brasil em matéria de capa, na qual louvava o bom desempenho da economia e as pers­pectivas positivas que se abriam para o país. Três anos depois, a revista publicou reportagem argu­mentando que a economia desandara, pedindo a cabeça do ministro da Fazenda. Não é difícil ver por que a revista mudou tão radicalmente de ideia. O crescimento do PIB despencou de 4,3% ao ano, em 2005-2010, para 2,0% anuais, em 2011-2013, enquanto a expansão do investimen­to caiu de 9,2% para 2,3% ao ano. Além disso, neste último triênio, a inflação média ficou em 6,1% ao ano, e o déficit em conta corrente au­mentou 1,5% do PIB.
Analistas políticos costumam ser convi­dados a exercer uma versão suposta­mente laica da profecia. Pede-se que projetem cenários futuros prováveis ou, mesmo, cer­tos. Um bom antídoto para esse convite, e para a ten­dência à hybris a que ele remete, chama-se “maio/junho de 2013”. Em 1º de maio de 2013, a reeleição da presidente Dilma parecia garantida. Dois meses depois, após as manifestações que tomaram as ruas, numa versão nova de ser “contra tudo o que está aí”, sua popularidade tinha caído pela metade e nada mais estava seguro.
As manifestações de junho de 2013 colhe­ram um país que nunca teve tradição em movimentos sociais com grande aden­samento popular. Não fossem as manifestações no longínquo 19 de março de 1964, com a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, e, 28 anos depois, com o movimento estudantil dos “Caras Pinta­das”, na mobilização pelo impeachment de um presidente da República, poder-se-ia dizer que esse movimento foi inédito.
Mais do que o futebol ou as chances de outro título para a seleção brasileira, a Copa do Mundo colocou no centro do debate uma pauta até então pouco valorizada pe­la população em geral: o custo/benefício dos in­vestimentos. Só no Rio, a conta público-privada para a preparação da cidade para grandes eventos chega a R$ 40 bilhões.
“Você conhece uma favela do Rio de Janei­ro? Você já viu a seca do Nordeste? E você acha que eu vou gastar dinheiro com estádio de futebol?” Essa teria sido a res­posta do presidente da República, general João Baptista Figueiredo, ao presidente da Fifa, João Havelange, quando este, em março de 1983, ofe­receu ao governo brasileiro a possibilidade de o Brasil sediar a Copa do Mundo de 1986.

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