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Apresentação


As manifestações populares de junho de 2013 trouxeram à tona um mal-estar na sociedade brasileira. Aos poucos, os cientistas sociais e políticos, em debates e análises acadêmicas, em livros que já estão surgindo sobre o tema, explicam o que está por trás da insatisfação reinante nas classes sociais – dos ricos às classes médias e aos mais pobres. Foi decisão do Conselho Editorial tratar do “mal-estar” na sociedade brasileira de um prisma eminentemente social, embora a circulação deste número coincida com as eleições de outubro. A expectativa é que o conteúdo aqui exposto seja interpretado como um desafio para os futuros governantes e para os agentes políticos em geral. Por que nos sentimos tão mal na vida social? Abrimos a edição com o artigo do professor de Ética e Filosofia Política da USP e conselheiro desta revista, Renato Janine Ribeiro, que apresenta conceitualmente o tema. As pesquisas indicam que desde as Jornadas de Junho de 2013, cerca de 70% dos eleitores querem “mudanças”. E a grande novidade, segundo o autor, é que os beneficiários da ascensão social não são mais gratos aos governos em cujos mandatos ela se deu. Daí que, independentemente do resultado das eleições, o País sente um mal-estar com muito do que hoje vive.


Mesmo que o Estado brasileiro tivesse fornecido educação, saúde, segurança e transporte públicos de qualidade, queixas que motivaram os protestos de junho de 2013, continuaria a existir “a contradição entre uma sociedade cada vez mais afeta à liberdade individual e, ao mesmo tempo, absolutamente necessitada de laços, de valores éticos, de disposição ao convívio com o diferente, sem os quais a própria vida social poderá sucumbir”. Para o cientista político Simon Schwartzman, há uma crise do sistema representativo brasileiro e do papel que as organizações sociais têm nele ocupado. Nossa democracia é frágil e ineficiente. Schwartzman defende que o sistema representativo brasileiro precisa ser profundamente alterado, em aspectos como o sistema eleitoral, o partidário e o financiamento de campanhas. E que sejam criadas formas adequadas de participação da sociedade, como consultas e referendos, e mantidos os espaços abertos para manifestações e mobilizações em torno de temas que não estejam sendo atendidos devidamente pelas políticas vigentes. A mídia brasileira está preparada para cobrir situações de insegurança, de volatilidade social, de ascensão social? Seria necessária uma editoria de “sociedade” para cobrir tais temas? O conselheiro da Interesse Nacional e professor na Escola de Comunicações e Artes da USP, Eugênio Bucci, responde que a imprensa não está preparada para identificar novidades como as que se insinuam nas “prateleiras de consumo da tal ‘nova Classe C’, ou mesmo nas ruas”.
 

 

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