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ANO 14 | ABR-JUN 2021

Edição 53

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Demandas em diferentes escalas sobre impactos da atual pandemia global – que, no momento, se estende para uma terceira onda em vários países – monopolizam mundialmente agendas de autoridades há um ano, completado em março de 2021. Conforme informações compiladas nesse período pela empresa de dados BITES, há registros de 5 milhões de textos on-line em inglês, português e espanhol, com menções ao assunto. Nas redes sociais, os números são estratosféricos. No Facebook, as interações, com a presença dos termos Coronavírus e Covid-19 publicados, somam 15,2 bilhões de curtidas, compartilhamentos e comentários. No Twitter, há 1,7 bilhão de posts com referências ao tema. Não temos como escapar, as atenções se concentram sobre o desenrolar dessa tragédia pelo ataque do pior vírus dos últimos 100 anos.

Porém, com ou sem lockdown ou busca por soluções administravas para o insuficiente estoque global de vacinas, as rotinas da vida em sociedade e de seus governos precisam seguir o ritmo em seus microcosmos de sobrevivência em suas infinitas decisões e debates.

Nos EUA, os primeiros passos da diplomacia de Joe Biden já sinalizam novos rumos e possibilidades perante as suas múltiplas influências nas relações globais. A Interesse Nacional pediu ao embaixador e ex-ministro Rubens Ricupero e ao jornalista e ex-correspondente internacional Igor Gielow, que acompanham de longa data o cenário das relações internacionais, avaliações sobre a arrancada do governo que traz de volta ao centro da política americana o partido democrata, após a gestão do republicano Donald Trump.

Ricupero avalia os 100 dias da diplomacia Biden observando forte transformação na agenda global. Ele acredita que o mais difícil está por vir e classifica as mudanças em três categorias. Todas anunciam a opção pela primazia dos meios diplomáticos e a valorização do multilateralismo e da ordem mundial baseada em normas, assim como reúnem ações que sinalizam abandono de orientação ‘trumpista’. O maior desafio se concentra nas questões contemporâneas que requerem estratégias de longo prazo e participação de aliados, engloba redefinição da agenda de segurança com China, Rússia, Irã, Oriente Médio e Coreia do Norte, e a temática do aquecimento global além dos destinos do comércio internacional.

Gielow escreve sobre equilíbrio de Biden entre a retórica e realpolitik na política externa. O autor vê uma guinada eloquente em relação às más práticas do mandarinato de Trump, mas com mudanças reais bem mais cautelosas. Em síntese, ele interpreta que os primeiros movimentos do governo americano operam em rotação mais lenta do que os do mundo hiperconectado das redes sociais, embora Biden demonstre plena compreensão da necessidade de trabalhar com os dois diapasões. O articulista ressalta ser até preferível que a maior economia do planeta esteja integrada aos esforços globais no combate ao vírus da Covid-19. Lembra ainda que, além dos freios e contrapesos típicos da democracia americana, o poder presidencial no país é circunscrito por eventos exógenos – casos como a Guerra da Coreia (1950), a Baía dos Porcos (1961) e o 11 de Setembro (2001) – definiram presidências que nem sonhavam em lidar com tais problemas. Logo, a própria imprevisibilidade da pandemia lança uma nota cautelar a Biden.

A era digital hiperconectada, acentuada no universo pandêmico, entrou na pauta pela questão de a governança tecnológica tornar-se central para as relações internacionais. Quem escreve a respeito é o advogado dedicado aos temas tecnológicos Ronaldo Lemos. Sem subterfúgios, ele lamenta que entre os protagonismos que o Brasil perde nos últimos anos está a relevância nessa área de governança. Temas como inteligência artificial, internet das coisas, criptomoedas, cibersegurança e 5G, que até recentemente eram discutidos por setores específicos, agora fazem parte integral da diplomacia, dos organismos internacionais e das relações entre países. O apagão do protagonismo brasileiro ocorre no pior momento possível, já que a pandemia promoveu avanços em inúmeros âmbitos de aplicações tecnológicos para a vida em sociedade. Neste artigo, ele articula princípios que podem orientar políticas relacionadas aos seus desdobramentos para campos-chave do debate no plano internacional. Um deles é o país deixar a mera condição de consumidor de tecnologia e inovação e passar a produzir, já que não há como almejar desenvolvimento sem participar da economia do conhecimento.

Outros temas que devem entrar no radar das discussões nacionais abrangem negociações que se divisam para a continuidade de acordos internacionais, caso do da hidrelétrica de Itaipu, cujo aniversário de 50 anos será em 2023. José Luiz Alquéres e Altino Ventura Filho, que acompanham os destinos do Tratado de Itaipu, refletem sobre a necessidade de o Brasil criar grupos de estudo para não vir a ser surpreendido em futuras mesas de trabalho. Acentuam que, depois de cinco décadas, o Paraguai é outro país, mais desenvolvido, com classe média instruída, agricultura pujante e é grande exportador de energia limpa e renovável. Em 2023, será avaliado se deverão seguir com o anexo C ajustado e, eventualmente, renegociado. Na avaliação dos articulistas, não se deve perder de vista os propósitos deste capítulo das relações do Brasil com o país vizinho.

Outro acordo que merece atenção, como escreve o embaixador Rubens Barbosa, traz à baila as três décadas do processo de integração dos países do Cone Sul, iniciativa que alternou períodos de forte expansão e estagnação, mas que, depois de trinta anos, requer freio de arrumação. Ele ressalta que há preocupações com meio ambiente, mudança do clima e preservação das florestas entrando definitivamente na agenda global, e o Mercosul terá que adotar outras práticas se quiser ratificar o acordo em discussão com a União Europeia. Na sua opinião, o fortalecimento do Mercosul em termos econômicos requer vontade política para entender o que está acontecendo no mundo. O Protocolo de Ouro Preto – que em 1994 criou a União Aduaneira – prevê que os países-membros podem convocar uma conferência para examinar sua estrutura, funcionamento e operação. Sendo assim, em vista do quadro geral e das propostas na agenda, essa conferência poderia vir a discutir políticas e medidas para fortalecer e revigorar o Mercosul.

Boa leitura,

OS EDITORES

Confira os artigos desta edição

Edição 53

O Tratado de Assunção, que criou o Mercosul – assinado em 26 de março de 1991 entre a Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai – comemora 30 anos neste ano. Como mecanismo de abertura de mercado e liberalização de comércio, o Mercosul está hoje paralisado e tornou-se irrelevante do ponto de vista comercial, representando apenas 6,2% do intercâmbio total do Brasil, depois de ter subido a quase 16% do comércio exterior total.
randes barragens ofereciam a mais econômica rota de expansão, o que era comprovado por uma série de estudos de inventário do potencial hidrelétrico de bacias hidrográficas, o país vinha construindo usinas cada vez maiores.
Os primeiros movimentos do novo governo norte-americano em sua política externa confirmaram expectativas de analistas: uma guinada retórica em relação às más práticas do mandarinato...
Dentre os diversos protagonismos que o Brasil vem perdendo nos últimos anos está também o protagonismo na área de governança da tecnologia. Essa perda é especialmente lamentável porque a tecnologia tornou-se central para as relações internacionais. Temas como inteligência artificial, internet das coisas, criptomoedas, cibersegurança ou 5G, que até recentemente eram discutidos principalmente por setores ligados à tecnologia, passam agora a fazer parte integral da diplomacia, dos organismos internacionais e das relações entre os países.
Em menos de 100 dias, a diplomacia de Biden transformou a agenda internacional dos Estados Unidos. Contudo, o mais difícil está por vir. As mudanças foram tão numerosas que justificam classificação em três categorias.
Ao longo de 28 anos, nos seus seis mandatos como deputado federal, Jair Bolsonaro, tirando uma ou outra insignificante polêmica por desastrosas falas suas, praticamente passou despercebido pela Câmara dos Deputados. Apresentou nessas quase três décadas projetos de pouca repercussão e pouca importância para a população em geral, tendo apenas dois sido aprovados.
A dupla que assumiu o comando do Congresso nesta segunda metade do mandato de Jair Bolsonaro – o líder do Centrão, deputado Arthur Lira (PP-AL), na Câmara, e o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), no Senado

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