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ANO 13 | JAN-MAR 2021

Edição 52

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Estreamos 2021 repensando alguns pontos que marcaram 2020 para além da pandemia e a tão necessária imunização em tempos de vírus ainda indomado pela ciência. Nesta edição, tratamos da volta dos EUA à condução do Partido Democrata e, lógico, como essa mudança de leme por lá se reflete no Brasil. Nós nos debruçamos, como não poderia deixar de ser, sobre os resultados das eleições municipais aqui, que puseram no comando das principais capitais do país políticos e partidos situados mais ao centro no espectro do debate nacional na área. Ao que tudo indica, as escolhas, após abertas as urnas, expõem certo cansaço dos eleitores em relação à polarização que dominou a cena no Legislativo, Executivo e até mesmo Judiciário nos últimos anos.

E, se as eleições apontam caminhos possíveis para o Brasil, há debates que merecem empenho e aprofundamento pela sociedade sobre como conduzi-los, como é o caso das milícias, grupos armados que ditam a própria lei e que ganham cada vez mais musculatura no País. A ampliação dessas estruturas de poder paralelo é perigosa, porque mostra-se violenta e compromete a democracia por desacreditá-la ao operar canais próprios de aplicação do que considera Justiça. Ex-ministro da Defesa e da Segurança Nacional, entre outras funções públicas, o político e consultor Raul Jungmann aborda o tema do preocupante avanço das milícias e crava que essa realidade se alimenta do “sistema prisional, que funciona como um ‘home office’ das facções, permitindo o recrutamento e a organização de recursos humanos antes dispersos, qualificando-os e mantendo-os sob controle”.
Jungmann não tem dúvida que esse assunto deve ser prioridade no debate nacional sobre a segurança pública no Brasil: “A sensação de insegurança é generalizada, alcançando todos, ainda que diferencialmente. Conectada à sensação de corrupção e baixa representatividade do sistema político, percebido como se autorrepresentando e não aos seus constituintes, está na base das grandes manifestações de 2013 e do choque e suas consequências negativas das eleições presidenciais de 2018”.

Já o recente resultado das urnas em São Paulo é avaliado em artigo da experimentada ex-gestora da capital, Marta Suplicy, como um indicador para a formação de uma Frente Ampla, que possa vir a ser polo das forças vencedoras dos atuais pleitos municipais. Para ela, o momento requer que se crie condições de o Brasil chegar às eleições presidenciais de 22 com candidatos competitivos entre aqueles que forem “defensores intransigentes da democracia, que acreditem no papel de destaque que o País precisa voltar a ter na defesa do meio ambiente, nas mudanças com responsabilidade fiscal e que sejam capazes de elaborar as diretrizes de programa de governo com respostas que possam fazer diferença no combate à escancarada desigualdade social e ao racismo estrutural”. A articulista critica a ausência de qualificação do atual ocupante da presidência na condução da Nação, e o responsabiliza por grande parte dos problemas que o País enfrenta.

Em outro artigo sobre o tema, em que são projetados cenários para a futura sucessão presidencial brasileira, o cientista político e professor Carlos Sávio G. Teixeira aposta que, sob o ponto de vista de tendências do que poderá vir, está tudo ainda bem incerto. Para ele, “a próxima sucessão presidencial ocorrerá dentro de um quadro de transição do regime implodido em 2018 para outro que ainda não se manifestou nem definiu. A permanência, no centro do cenário, de um agente com características desestabilizantes, o bolsonarismo, só aumenta o grau de incerteza. O quadro segue se modificando e, com ele, o próprio bolsonarismo. É improvável a reprodução do contexto que marcou a última disputa presidencial. O pleito de 2022 será conduzido sob a predominância das forças da indeterminação e da contingência. A história permanece aberta”.

Muito já se escreveu, e inúmeros estudos ainda vão surgir, em torno das eletrizantes eleições norte-americanas de 2020, que deram à dupla Joe Biden e Kamala Harris o comando da Casa Branca, depois da polêmica gestão de Donald Trump, um governante que acirrou ao extremo a divisão política naquele País. O que essa mudança traz para as relações internacionais dos EUA é tema que mereceu atenção de dois jornalistas com vasta experiência profissional em solo americano. Quem analisou como o Brasil irá enfrentar a era Biden foi Paulo Sotero, que há décadas vive em Washington. Sem meio tom, ele aposta que “o Itamaraty ‘trumpolavista’ ficará falando sozinho”. O autor pondera que “os EUA estão saindo de uma experiência política traumática, ainda não superada, que colocou em questão, dentro e fora do país, a noção de excepcionalidade americana que, desde sempre, inspirou a arrogância com que seus líderes falavam ao mundo”. Por isso, acredita que o novo líder americano não hostilizará e não fará preleções.

Já a diretora-executiva do Conselho Empresarial Brasil-China, Cláudia Trevisan, jornalista com experiência internacional tendo sido correspondente nos EUA e China, esmiúça em seu texto o significado dos números obtidos na recente eleição que ganhou holofote global, para concluir que, apesar de os defensores do Colégio Eleitoral, que elege o presidente americano, argumentarem que esse sistema dá estabilidade à democracia nos EUA, a atual dissociação entre o voto popular e os resultados oficiais transformará o modelo eleitoral americano em fonte de instabilidade e conflito.

Superada a pauta eleitoral local e internacional, a atual edição da Interesse Nacional apresenta uma iniciativa que merece aplausos, que é a criação do Centro de Pesquisa para Inteligência Artificial Avançada no Brasil. Os cientistas e pesquisadores envolvidos na sua concepção desde a origem, Fabio Gagliardi Cozman, Claudio Santos Pinhanez e Sylvio Canuto, escrevem sobre o Centro de Inteligência Artificial, sediado na Universidade de São Paulo e financiado em parceria com a IBM e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que terá o papel de dar suporte de longo prazo capaz de permitir projetos de maior fôlego e ambição. “Resultado de um processo cuidadoso de planejamento, o Center for Artificial Intelligence – C4AI é a maior iniciativa em curso no Brasil de suporte à pesquisa em Inteligência Artificial. O C4AI abriu suas portas de forma virtual em 2020, contando já com a participação de várias instituições e dezenas de pesquisadores associados.”

Outro tema de relevância para o futuro da comunicação, que é exibido nesta edição, trafega pela reflexão de que “narrativa é a mensagem” e foi proposto pelo jornalista e pesquisador afiliado do MIT – Media Lab, Rodrigo Mesquita. Ao transitar sobre como as redes sociais são processos de conversação, e não ferramentas ou plataformas sociais, o autor analisa os fluxos de informações digitais das redes que rodam sobre aplicações na infraestrutura da internet. Trata-se de um público que vem dedicando mais tempo e atenção a estes processos informativos do que a fontes qualificadas. As consequências dessa prática são inúmeras e causam estragos, mas, como ele salienta, é preciso ter claro que as chamadas Big Tech são as maiores responsáveis por esta situação ao se transformarem em “utilitários para a democracia”, como argumenta: “Essas empresas não levam isso em consideração e muito menos têm sistemas de governança adequados para esta responsabilidade. Elas controlam a infraestrutura social que usamos para comunicação e organização, expressão política e tomada de decisões coletivas. Seu controle sobre essa infraestrutura concentra o poder econômico, o poder social e o poder político”.

Para encerrar este número o historiador José Alfredo Vidigal Pontes, que se dedica ao gerenciamento de projetos culturais, resgata a história da Colônia do Sacramento e Buenos Aires, discorrendo sobre a trajetória do processo de consolidação do porto de Buenos Aires e o importante papel desempenhado pela Colônia do Sacramento, cidadela sob domínio português por quase um século (1680-1777). Ele conta que “a disputa pelo estuário do Prata opôs os dois impérios ibéricos por largo tempo, acarretando tanto enfrentamentos bélicos, como também o desenvolvimento econômico da fronteira e a atual conformação geopolítica da região, só definida algum tempo após a independência das antigas colônias”.

Boa leitura com os votos de que 2021 seja um ano produtivo para todos.

Confira os artigos desta edição

Edição 52

Ao se analisar o processo de consolidação da cidade e do porto de Buenos Aires, não se pode negligenciar o importante papel desempenhado pela Colônia do Sacramento, cidadela sob domínio português por quase um século (1680-1777). Durou por longo tempo a disputa pelo estuário do rio da Prata, o que acarretou, além dos enfrentamentos bélicos, o desenvolvimento econômico da fronteira e a atual conformação geopolítica da região. A configuração dos limites platinos se arrastou por quatro séculos, entrando no começo do século 20. Mas essa relação ambígua, hostil e economicamente virtuosa, teve início ainda no século 16.
Como demonstrado no 'Guide to Advertising Technology' (2018), do Tow Center da Columbia University, são as tecnologias publicitárias que dominam e mandam na Internet. Desse modo, o debate cívico em todos os ambientes das plataformas digitais e nas redes sociais que nelas se formam, é regido também pela lógica das vendas. No entanto, essa não é a única explicação para o processo contínuo de desinformação que o mundo vive - misinformation, disinformation e malinformation, genericamente classificadas como 'fake news' - descrito no documento 'Information disorder: toward an interdisciplinary framework for research and policy making', da Comissão Europeia, que tem servido de base para o início da regulamentação da ação dos gigantes da tecnologia.
Os autores comentam, em linhas gerais, a criação do Centro de Inteligência Artificial na USP, parceria com a IBM e a Fundação de Amparo à Pesquisa (FAPESP), como resultado de processo cuidadoso de planejamento; refletem e mostram o valor da iniciativa como suporte à pesquisa em Inteligência Artificial no Brasil, que já conta em 2020, de forma virtual, com a participação de várias instituições e dezenas de pesquisadores associados.
As distorções do modelo político americano, provocadas por elementos estruturais e aprofundadas pelas diferenças na distribuição geográfica entre os seguidores dos dois partidos que disputam o poder e uma boa dose de casuísmo. O senador republicano Mike Lee, um mês antes da eleição presidencial que deu a vitória ao democrata Joe Biden, postou, sem a a intenção de denunciar falhas no sistema representativo: "Nós não somos uma democracia", mas defendendo então, a ideia de que a vontade da maioria não é um elemento essencial do sistema político dos Estados Unidos, o país considerado por muitos a mais antiga democracia do planeta. A relativização da vontade popular ganhou força, nos últimos anos, na retórica dos conservadores americanos, à medida que o
De volta a Washington, em dezembro de 2013, depois de quase quatro anos como embaixador em Brasília, Thomas A. Shannon recordou afirmação que havia feito ao partir para a missão sobre o efeito salutar da crescente conectividade das sociedades dos dois países, já visível então, a despeito da distância e das turbulências ocasionais do diálogo oficial. Durante palestra no Wilson Center, Shannon lembrou: “Eu disse que nossas sociedades e nossos povos — e não nossos governos — se tornariam os principais motivadores de nosso relacionamento”. A presciente observação do diplomata, aposentado em 2018 como vice-secretário de Estado, revela o desafio criado para o Brasil pela eleição à Casa Branca, do centrista Joe Biden, e a fragorosa derrota por ele imposta
O presente texto traz uma tese e duas hipóteses sobre a relação entre a eleição municipal, recém-ocorrida, e o pleito presidencial de 2022. A tese é a de que o resultado da eleição municipal revelou que o sistema político vigente até 2018 não se recompôs da implosão a que foi submetido pela ascensão do fenômeno político-eleitoral do bolsonarismo. A primeira hipótese é a de que esse desfecho aumenta ainda mais o grau de indeterminação do processo eleitoral presidencial que ocorrerá daqui a dois anos. A segunda hipótese é a de que, apesar da inépcia institucional de Bolsonaro, seja à frente do governo, seja pela incapacidade de organizar partidariamente sua base social e ideológica, o bolsonarismo tem chances de disputar, de
Bolsonaro está derretendo e o governo continua sem qualquer direção nas áreas econômica, da saúde e da educação. Esta é a conclusão sobre as eleições municipais; a conta chegou e os candidatos apoiados pelo presidente tiveram desempenho deplorável. Candidaturas que imaginavam decolar com seu apoio - Russomano em São Paulo e Crivella no Rio - foram muito mal. Nenhum dos candidatos com nome Bolsonaro – exceto seu filho, eleito com a metade da votação anterior – conseguiu se eleger, o que mostra a percepção e resposta do eleitorado aos desmandos do capitão neste primeiro período do seu mandato.
A origem das milícias é um paradoxo e um aviso. Integradas por policiais da ativa e da reserva, as milícias se organizaram para sua autodefesa e de suas famílias, em virtude da precariedade da Segurança Pública nas comunidades onde moravam. Sua estrutura, métodos, implicações e crescimento não podem ser dissociados da realidade e dos graves problemas que assaltam a Segurança Pública nacionalmente, levando todos à sensação de violência crescente, medo e desamparo. Principiando pela abordagem das milícias no Rio de janeiro, o artigo segue passando em revista os principais pontos que contribuem para a atual insegurança no país: sistema prisional, juventude vulnerável, política de drogas, polícias, sistema e política nacional de Segurança. Concluindo, o autor retorna àqueles que assombram

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