Edição 37

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Esta é uma edição histórica, pois Interesse Nacional entra em seu décimo ano de existência com um repertório de temas sobre a história contemporânea do Brasil, como se pode aferir pelo índice dos últimos cinco anos que publicamos nesta edição, que se segue ao primeiro quinquênio já catalogado.

Na sequência, temos o texto do antropólogo e colunista Roberto DaMatta, que faz uma leitura antropológica do corporativismo. “A palavra corporativismo tem sido usada e abusada no Brasil, que vive uma experiência democrática mais consciente das dificuldades da implementação da igualdade como um valor. Se essa demanda de mais igualdade está, como penso, na raiz de inúmeros conflitos, o corporativismo surge como uma reação — no melhor estilo do “Você sabe com quem está falando?”. Pois não há nenhuma dúvida de que viver democrática e igualitariamente implica um permanente exercício de resguardar privilégios corporativos, tornando-os corporativistas”, afirma.

Sobre violência e segurança pública, outro bloco temático desta edição, escrevem o general de exército reformado, Alberto Cardoso, ex-ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional na Presidência da República (1995-2002), e Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor do Departamento de Gestão Pública da FGV EAESP.

Para Cardoso, o problema da violência e da criminalidade no Brasil não necessariamente deve ser combatido por meio das Forças Armadas. Seu enfrentamento “precisa mobilizar outros sistemas do Estado e da sociedade nacional, que não apenas o policial-judicial-penitenciário, eliminar tabus e quebrar paradigmas que se vêm mostrando ineficazes”.

De acordo com Renato Sérgio de Lima, “a questão não é de segurança nacional ou interna, como querem nos fazer crer após a sequência de episódios que marcaram o início de 2017, mas de construção, à semelhança do que ocorreu na saúde e na educação, de um sistema efetivamente federativo, com instâncias de pactuação e corresponsabilização das diferentes instituições e órgãos públicos envolvidos. Um sistema que valorize a qualidade da investigação e do esclarecimento de crimes; que coordene esforços de inteligência e que faça uso intensivo de informações para a prevenção e repressão qualificada de crimes e de violências”.

A relação entre Estado e religião é investigada pelo cientista político e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, Joanildo Burity, que escreve sobre a eleição de Marcelo Crivella, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, para a Prefeitura do Rio de Janeiro. “Não é a posse de uma rede de mídia que garantirá a Crivella o sucesso de sua gestão, lhe dará um conteúdo religioso indevido ou negará a seus adversários a capacidade de fazerem oposição efetiva. E não é a acusação de conservadorismo, numa conjuntura em que ser conservador não envergonha mais ninguém, que vai deter a transformação da minoritização pentecostal em um processo de asserção antipluralista pós-democrática. É a política”, escreve.

O professor aposentado da Unicamp e especialista em religião e ética, Roberto Romano, diz que “para que o crescimento da Universal tenha um limite, importa aos demais setores (católicos, umbandistas, espíritas, liberais, progressistas e outros) arregimentarem forças, imaginarem cenários futuros e, sobretudo, se unirem não apenas no plano espiritual, mas sobretudo na ação política. Tal perspectiva ainda não aparece na vida pública brasileira”.

O leitor encontrará também, ao final desta edição, os índices por assunto e por autor dos últimos cinco anos da Interesse Nacional. O Conselho Editorial e os Editores agradecem a Magda Maciel Montenegro (CRB-8 no 8425) pela elaboração desse material, de grande valia para leitores da revista e pesquisadores.

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