Apesar de o tom da cobertura ter sido majoritariamente neutro e com foco nos resultados do primeiro turno, análises e artigos de opinião publicados nos principais veículos da mídia estrangeira criticam a tensão política no país e apontam para os riscos de retrocesso democrático após o segundo turno
Políticos como Bolsonaro, Trump, Boris Johnson, Giorgia Meloni e Modi são muitas vezes vistos como inelegíveis, mas continuam a ter sucesso eleitoral em muitas partes do mundo. Em artigo, o professor de segurança nacional na universidade de Hull Robert M. Dover explica que eles usam redes sociais de forma eficiente para promover ideias simples, explorar emoções e alinhar sua persona pública à de alguém que luta contra o sistema
Qualquer que seja o resultado da eleição, não é difícil prever a possibilidade de instabilidade política pela crescente polarização da sociedade e a divisão do país. A disfuncionalidade do sistema partidário brasileiro, a desorganização do Estado e a incerteza quanto ao lugar do Brasil no mundo, entre outros fatores, agravam os riscos e as ameaças às instituições que até aqui se mostraram solidas e funcionando
Após a indecisão no primeiro turno, não está claro quem vencerá a eleição no país, mas uma coisa é óbvia: o conservadorismo de direita de Bolsonaro está crescendo, assim como sua ameaça à democracia
Cobertura sobre política levou à publicação de 107 reportagens de destaque sobre o Brasil nos sete veículos de imprensa analisados pelo Índice de Interesse Internacional, quase duas vezes a média de 55 textos registrados por semana desde o início do levantamento – maioria das reportagens tinha tom negativo
Bolsonaro e Trump são muito parecidos na forma como usam a religião, mas a maneira como as comunidades evangélicas funcionam e como a religião molda a política é diferente em cada país. Pesquisa sugere que os cristãos conservadores não serão uma base tão consistente no Brasil como são nos EUA
Após um ano de campanha eleitoral intensa e marcada pela ausência de discussões sobre os desafios e interesses nacionais, país necessita de estabilidade política e econômica para poder crescer, gerar renda e emprego
Imitando o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, Bolsonaro disse muitas vezes que pode não respeitar os resultados das eleições e que o sistema de justiça eleitoral não é confiável. Se Lula vencer, enfrentará uma série de obstáculos para restaurar o respeito às instituições nacionais do Brasil e ao Estado Democrático de Direito.
Para historiador americano, comparação com situação dos Estados Unidos após a saída de Donald Trump do poder mostra que risco ao estado de direito continua existindo mesmo que haja uma mudança no governo brasileiro após as eleições
Preocupação global com ação de grupos criminosos organizados na eleição brasileira deste ano ignora a longa história de violência política, troca de favores e clientelismo no país, com presença frequente de coronéis e ação de milícias, esquadrões da morte e grupos de extermínio